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ATT da Apple e afiliados: falta clareza

Escrito por 4 minutos de leitura

ATT da Apple visa privacidade, mas ambiguidade ameaça o marketing de afiliados. Awin pede orientação clara para proteger todas as partes.

A Awin apoia a missão da Apple de proteger a privacidade dos usuários, mas hoje pedimos com urgência que a empresa esclareça o funcionamento do esquema ATT (Transparência no Rastreamento de Aplicativos) para quem trabalha com marketing de afiliados.

A falta de clareza no momento está prejudicando involuntariamente afiliados e criadores de conteúdo que respeitam a privacidade.

Solicitamos três providências cruciais:

  • Distinguir a medição de afiliados do rastreamento invasivo de anúncios.
  • Confirmar se os proprietários de aplicativos não serão penalizados por permitir atribuições dentro dos padrões de conformidade.
  • Oferecer orientação prática para proteger as escolhas dos usuários, mantendo o valor dos afiliados.

Por que o ATT é um problema para o canal de afiliados

O esquema ATT da Apple é bem-intencionado, mas gerou ambiguidades que prejudicam os afiliados, participantes fundamentais para manter a diversidade e competitividade do ambiente digital.

Ao contrário de grandes plataformas de tecnologia publicitária, as redes de afiliados como a Awin não desenvolvem nem monetizam perfis de usuário nem fazem redirecionamento cruzado entre sites. Nosso papel é simples: medidos os resultados de anúncios com baixo uso de dados, mantendo a privacidade e garantindo compensações justas para os afiliados conforme o valor gerado.

Contudo, o ATT no momento não esclarece se a medição para afiliados dentro dos aplicativos é permitida quando o usuário recusa o compartilhamento de dados com terceiros. Essa implementação binária não tem a nuance necessária e prejudica desnecessariamente o modelo de afiliados e sua economia de conteúdo independente.

A Apple está jogando com regras próprias

Reguladores como o ICO (Agência da Comissão de Informação do Reino Unido) e o CNIL (Comissão Nacional de Informática e Liberdades da França) adotaram uma abordagem com mais nuances.

O ICO reconheceu que o rastreamento de afiliados para geração de incentivos pode ser isento de consentimento em condições específicas. Por sua vez, o CNIL esclareceu recentemente que certas ferramentas para medição de público, como análises da web, podem ser usadas sem consentimento se seguirem critérios específicos, como não fazer rastreamento cruzado dos usuários nem gerar perfis para publicidade.

Esse tipo de esclarecimento está ausente do sistema de aplicativos da Apple, o que tem consequências concretas e importantes.

A AppsFlyer constatou que somente 40% dos usuários aceitam rastreamento se tiverem a opção. Isso significa que a maioria dos usuários do iOS estão nessa zona cinzenta.

Ao mesmo tempo, pesquisas da IPA mostram que os consumidores do Reino Unido pela primeira vez passaram a gastar mais tempo ao celular do que assistindo TV. É um ponto de inflexão que reforça a importância de corrigir a atribuição para dispositivos móveis.

Os varejistas, que procuram evitar riscos, questionam se mesmo o compartilhamento limitado de dados, como envio de uma referência de pedido ou registro de venda individual a uma rede de afiliados, unicamente para validar a ação de um usuário, não pode infringir o ATT e removê-los da App Store.

Com isso, temos duas situações possíveis:

  • As atividades dos afiliados não serão atribuídas para os usuários com status recusado no esquema ATT.
  • A atribuição será feita sem os dados que confirmariam a atividade e a recompensa corretamente, prejudicando os afiliados.

As duas situações geram erros de atribuição, redução dos pagamentos e incertezas, não somente para os afiliados mas também para usuários que esperam receber a experiência que buscavam.

Temos as ferramentas, falta orientação

Existem soluções técnicas disponíveis pelos MMPs (Parceiros de Medição Móvel) que permitem atribuições condizentes com conformidade e privacidade. Porém, são ferramentas ainda subutilizadas e não padronizadas, pois falta uma regulamentação clara.

Precisamos de mais orientações da Apple para permitir seu uso e evitar que as vendas de afiliados sejam creditadas incorretamente para as plataformas dominantes que o esquema ATT pretendia regular.

A abordagem binária da Apple também não reflete o desejo dos usuários. Parece autoexplicativo que um usuário que clica numa oferta de cashback em um dispositivo iOS espera receber esse cashback. Essa expectativa pode ser atendida, mas muitas vezes não é, por causa da ambiguidade do ATT. Isso prejudica os próprios consumidores que a Apple pretende proteger.

Não achamos que a Apple pretendia afetar o setor de afiliados. Mas o impacto ficou claro.

A Awin insta a Apple a interagir diretamente com as redes de afiliados, com os afiliados e reguladores para esclarecer a proteção de seus usuários e permitir que o conteúdo que eles buscam será reconhecido. O canal de afiliados pode e deve ser um modelo de publicidade com desempenho ético, e a Apple tem a oportunidade de reconhecê-lo.

Paul Stewart

Diretor de parcerias estratégicas do grupo Awin